20 de outubro de 2012

antes da chuva

e lá vem mais uma chuva, uma chuva de lembranças, onde não há nenhum guarda-chuvas por perto. e elas caem sobre mim como se nunca tivessem realmente existido, como se não passassem de uma cena de filme qualquer. mas elas são tão reais, que cada gota encharca meus cabelos, como se eu nunca soubesse realmente o quanto elas me lembram você. porque eu preciso saber se ainda chove em você, como chove em mim, para que eu possa te deixar sozinho, sozinho como você sempre devia ter ficado. aquele beijo, no meio da chuva, foi um erro que nunca valeu realmente a pena, porque perder tudo que eu havia construído para não me perder se foi tão facilmente, apenas com um belo sorriso. mas de repente, as lembranças vão cedendo espaço para aquela tristeza familiar, que insiste em invadir meu coração, minha cabeça, meu tudo. porque apesar de tudo, as tempestades por mais bravas que sejam, cedem seu lugar ao sol, com direito a belos arco-íris onde vemos uma centelha de esperança. porque estou parando aos poucos de me importar com as chuvas, e sim em correr através delas para que possa sentir seu calor novamente, para que eu possa me ver segura em seus braços, porque eu nunca devia ter saído do meu refugio. mas quanto mais tempo permaneço debaixo da chuva, mais você se distância, e não importa o quanto eu corra ou grite, eu nunca consigo chegar a lugar algum. e eu apenas continuo debaixo das chuvas, com meu coração partido e muitas lágrimas que se mesclam com as gotas. porque apesar de sempre ter pertencido a você, eu nunca estive certa sobre isso. eu nunca tive a mesma sensação que você. porque permaneço embaixo da chuva, como sempre estive. porque o arco-íris nunca aparece para mim, e eu nunca vou poder ter a chance de te ter, porque te perdi desde o momento em que te vi. porque eu sempre precisei te deixar sozinho embaixo das suas próprias tempestades, e agora já é tarde demais para tentar te salvar e me salvar. porque a cada gota que cai sobre nós, é uma lembrança sendo quebrada, e talvez eu devesse tentar me convencer de como eu te amo e de como não posso viver sem você, mas a chuva está levando isso também. e por fim eu sei que o que todos dizem sobre o amor é mentira, porque ninguém jamais compreendeu o quanto eu me senti feliz por te deixar partir, porque mesmo te amando e te querendo, eu te deixei ir. porque você é tudo pra mim, e sendo assim, eu fui obrigada a fingir não me importar com a chuva e simplesmente te joguei para fora da minha vida. porque apesar de tudo, antes da chuva assim como você, eu nunca amei. nunca amei tanto alguém, e agora me vejo obrigada a te deixar partir, porque você não faz parte dessa chuva, pelo menos não dessa chuva.

você, apenas você.

você conhece a sensação de se apaixonar de novo? você sabe como é a sensação de viver uma fabulosa tragédia? sim, uma tragédia, porque apaixonar-se não estava entre os meus desejos mais sádicos, eu nunca quis realmente me sentir completa, porque sempre tive a certeza e a pura inteligência de saber que mesmo um dia tendo sido completa, isso deixaria de existir a partir do momento que você cansasse de brincar de faz de conta e me dizer um simples adeus. porque a vida é realmente feita de tragédias incríveis, afinal, o que eu podia fazer chorando que não fiz sorrindo, só para poder sentir a luxuosa sensação de dizer que eu era forte, que eu podia lutar sozinha contra todos os espinhos que me cortavam, que me dilaceravam, enquanto eu simplesmente fingia ter um ótimo senso de humor. afinal, o que você me deve, não pode ser pago com moedas ou cartões, porque você me deve mais do que isso. a sua voz falou mais alto, sua miserável história me convenceu, e eu estou aqui agora, apenas orando para que você se vá da minha mente. pense comigo, se você chegou assim, tão de repente, o que te impede de ir embora tão rápido quanto veio? porque sentir a grama novamente não vai me deixar mais feliz nem mais forte, mas quem sabe me deixe mais sã. porque você, bom, você sempre foi o motivo da minha loucura. e cá estou eu, olhando pra você, porque aquele olhar, o seu olhar, já deixou de ser apenas um olhar. porque eu simplesmente estou caindo aos seus pés, implorando por um pouco de misericórdia, porque você é insubstituível  e assim como você não sabe como é se apaixonar novamente, também nunca saberá como é ter seu coração partido por alguém que você precisa, simplesmente ver. porque você se tornou tão indiscutivelmente imperdoável, porque você é o motivo da minha insônia. e tudo isso porque você me faz te amar.

2 de janeiro de 2012

a chuva da sorte

e assim, como se nada tivesse acontecido conosco, nós trocamos novamente o primeiro olhar, as primeiras palavras, o primeiro abraço, o único beijo que devíamos ter dado a vida toda. porque, quando você se foi naquela noite, a chuva me embalou como se fosse uma canção de ninar, e pegando cada pedacinho do meu coração partido, o colou, me fazendo relembrar o quanto eu sentia sua falta, e o quanto eu me importava com você, e com nós. é claro, o primeiro sorvete que tomamos juntos, eu me lembro bem do sabor, como se há alguns segundos eu tivesse acabado de tomá-lo pela primeira vez, e nossa primeira vez juntos em uma viagem? como poderia esquecer, estava frio e um tempo muito fechado, mas você me acolheu com seus braços protetores e me disse com uma doçura incomparável, que estaria ali sempre para me acolher. agora a mesma chuva que me embalou, me desperta deste sonho aconchegante, cada trovão lá fora me faz lembrar de uma parte nossa, uma parte sua. e assim nessa chuva eu fico a lembrar de tudo o que vivemos durante todo este tempo, porque isso é sobre você, e sobre mim, é sobre nós. e eu não quero perder nenhuma parte do que guardei com tanto amor, em cada pedaço do meu coração, aquele mesmo coração que se partiu, quando você me deixou pela primeira e unica vez. mas hoje, só posso olhar para trás e lembrar com gratidão de tudo o que vivemos e revivemos, afinal esse tempo, essa pequena máquina do tempo que temos dentro de nós, é só mais uma pequena forma de demonstrarmos o quanto estamos entregues um ao outro. e por fim, você me embala novamente em seus braços, como da primeira vez que me apaixonei por você.

30 de dezembro de 2011

doce volta

atrás do véu  eu escondia um lindo sorriso. quem dera todos pudessem ver o lindo sorriso que trago no rosto hoje, assim como naquele dia. mas você não estava lá para ver o meu lindo sorriso, e sim ele realmente era puramente dedicado a você, assim como todos os outros sorrisos que eu dei. agora estou aqui, em plena madrugada com o telefone pendurado em uma mão e um pedaço de papel na outra, onde se encontra seu número de telefone riscado e meio apagado pelo tempo. quem dera fosse você aqui hoje, como em um antigo tempo tinha sido ontem. agora eu sou somente pó e poeira, voando contra o vento do tempo. tentando achar a alternativa mais correta para te ter de novo em minha vida. mas quem sabe, se eu deixar a janela e a porta entreabertas, você passe por mim, me olhe devagar e decida que ao seu lado é o meu lugar? não me custa sonhar, e assim sonhando ponho o celular e o papel de lado, e me deitando com muita relutância, fecho meus olhos e digo a mim mesma para que espere o tempo passar, pois em algum lugar você deve estar pensando em mim também. então, para que a pressa? mas assim que fecho os olhos serenamente, o telefone ao meu lado toca e meu coração começa a bater como nunca antes, milhões de pensamentos flutuam em minha mente, até que eu atendo o telefone esperançosa. sim, é você do outro lado da linha, me dizendo com voz serena e melancólica. me espera, eu já estou indo aí pra poder cuidar de ti. então desligando o telefone, me deito e durmo suavemente, esperando a tua breve volta, a tua doce e breve volta.

1 de julho de 2011

manhã de dezembro

por um tempo de fração indeterminado, você continua sustentando o meu olhar. uma vez que você chegou e disse palavras um tanto quanto peculiares, eu já nem me importei mais com o rótulo dizendo ser perigoso demais para mim. eu querendo mais de você, e de tudo que você tinha a me oferecer e então, como num piscar de olhos você realmente fugiu de mim com a rapidez mais espetacular que eu já pudera ter visto antes, e como você foi, assim você voltou. balançando meus cabelos entre os dedos, com a maciez que podemos encontrar em rosas acabadas de brochar e nas nuvens que pairam no ar como algodões doces gigantes. talvez eu tenha uma certa fraqueza... mas subitamente ela se torna também a minha força. e amanhã, quando eu despertar de um sonho sereno e profundo, eu só posso lhe pedir um singelo favor: fique até que eu me acalme, me faça fechar os olhos e sentir sua partida depressa, mas com delicadeza, para que assim que eu abrir os olhos, eu me lembre de que é, e apenas foi uma lembrança passageira de alguém que possa talvez, apenas talvez, nunca ter realmente estado aqui. como a ideia de que eu apenas sei, porém não posso provar a ninguém, e nem a mim mesma. e assim que adormecer, lembrar que foi apenas uma linda e calma manhã de dezembro.